Uma denúncia recebida pelo Diário de Rio Brilhante levou nossa equipe a investigar um possível golpe envolvendo promessas de lucros altos por meio de investimentos em Bitcoin. Após apuração, tivemos acesso a prints de conversas com tons ameaçadores por parte de coordenadores da suposta empresa de mineração que atuava na região.
Como já é comum em casos desse tipo, o golpe se apoiava em promessas de lucros mensais entre 50% e 100%, atraindo pessoas por meio da confiança entre amigos e familiares. Os investimentos iniciais variavam, sendo o mínimo de R$ 3 mil, mas em alguns casos chegaram a ultrapassar R$ 300 mil, valor levantado com a venda de propriedades, veículos e até empréstimos bancários.
Uma das vítimas, que preferiu não se identificar, contou à reportagem que aplicou R$ 5 mil de sua poupança pessoal na promessa de retorno rápido e expressivo. Ela relata que os responsáveis pela empresa garantiam ganhos multiplicados à medida que novos membros fossem inseridos na rede de investidores — típico funcionamento de esquemas de pirâmide financeira.
“A empresa simplesmente parou de responder no grupo e nos contatos privados. Desde então, ninguém sabe o que fazer. O desespero aumentou porque outros membros da minha família também investiram”, afirmou.
É importante lembrar que a formação de redes em que os primeiros ganham com base na entrada dos últimos é considerada crime de pirâmide financeira no Brasil. “Agora, resta aguardar o posicionamento da Justiça”, conclui a vítima.
Entenda o Bitcoin e os riscos
O Bitcoin é um dos ativos digitais com maior capitalização de mercado no mundo. Criado em 2009, após a crise financeira global de 2008, surgiu como uma alternativa descentralizada ao sistema bancário tradicional.
O funcionamento do Bitcoin se baseia na tecnologia blockchain, uma cadeia de blocos que registra, de forma criptografada, todas as transações realizadas globalmente. As informações registradas em cada bloco são protegidas por códigos únicos — chamados de hash ou proof of work — que garantem a segurança e a interligação entre os blocos.
Diferente de bancos tradicionais, as transações em Bitcoin não são gerenciadas por uma única instituição, mas por uma rede global de computadores.
Importante destacar: a compra e venda de Bitcoin não é crime. O problema está na utilização fraudulenta do ativo como fachada para esquemas de pirâmide, nos quais o lucro prometido depende unicamente da entrada de novos participantes, e não de operações legítimas no mercado.
Caso você conheça alguém praticando ou sendo vítima desse tipo de golpe, entre em contato com a Polícia Civil ou registre uma denúncia anônima através dos canais oficiais.
Golpe do Bitcoin em Cabo Frio-RJ (caso GAS Consultoria, 2021–2022): Lesou milhares de pessoas com mais de R$ 7 bilhões em prejuízos.
Caso Trader do Bitcoin em Goiás (2023): Empresário prometia até 30% ao mês, mas sumiu com o dinheiro dos clientes.
Golpe em Campo Grande-MS (2022): “Trader” local aplicou pirâmide financeira com criptomoedas e fugiu com milhões.











