Conselho dos Direitos da Mulher denuncia caso de violência obstétrica e cobra investigação rigorosa do hospital
Uma mulher indígena Guarani-Kaiowá, identificada como Nayara Arce de Souza, voltou a ser internada no Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD) após sofrer complicações decorrentes de uma gaze cirúrgica esquecida em seu abdômen durante uma cesariana realizada em maio deste ano. O caso foi denunciado como violência obstétrica e institucional pelo Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (CMDM).
De acordo com o CMDM, a paciente enfrentou quatro meses de dores intensas, infecções e agravamento do quadro clínico até que o erro fosse descoberto. A situação veio à tona após Nayara desmaiar durante uma visita à irmã no hospital, momento em que exames revelaram a presença do material cirúrgico esquecido.
“Durante e após o procedimento, os profissionais de saúde esqueceram uma gaze cirúrgica em seu abdômen, um erro médico inadmissível, que poderia ter sido evitado com protocolos básicos de segurança e conferência”, destacou o Conselho em nota pública.
A paciente precisou ser submetida a uma nova cirurgia para retirada do material, mas devido à gravidade da infecção, parte do intestino teve de ser exposta, obrigando o uso de bolsa de colostomia. Ainda segundo o CMDM, Nayara continua internada e relatando maus-tratos durante a troca de curativos, o que reforçaria a existência de práticas desumanas e racistas no atendimento hospitalar.
Em entrevista ao Dourados News, Gilvane Bezerra da Silva Dias, presidente do CMDM, afirmou que o caso chegou ao Conselho em 16 de outubro e que desde então o órgão tem acompanhado de perto a situação.
“O Conselho manifesta seu mais profundo repúdio à violência obstétrica e institucional sofrida por Nayara Arce, mulher indígena Guarani-Kaiowá, vítima de graves negligências médicas durante e após o parto”, declarou Gilvane.
O CMDM exige apuração imediata dos fatos, com a responsabilização dos profissionais e gestores envolvidos, além da garantia de um atendimento humanizado e digno à paciente. O órgão também cobra a adoção de medidas preventivas contra a violência obstétrica nos serviços de saúde da região.
“Nenhuma mulher deve ser violentada. Nenhum corpo indígena deve ser desrespeitado”, finaliza a nota emitida pelo Conselho.
O Hospital Universitário da UFGD ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso até o fechamento desta reportagem.


