EUA atacam instalações nucleares no Irã e ampliam conflito no Oriente Médio
Na noite deste sábado (21), os Estados Unidos entraram oficialmente na guerra entre Israel e Irã, iniciada em 13 de junho, ao bombardear três instalações nucleares em território iraniano. A escalada aumenta a tensão no Oriente Médio e deixa os desdobramentos futuros imprevisíveis.
Segundo o presidente americano, Donald Trump, os alvos incluíram os dois principais centros de enriquecimento de urânio do país: a instalação subterrânea de Fordow e a usina de Natanz. Um terceiro bombardeio atingiu uma instalação próxima à cidade histórica de Isfahan, onde os serviços de inteligência dos EUA acreditam que o Irã armazena material radioativo.
Em pronunciamento em cadeia nacional, Trump fez um alerta direto ao regime iraniano, ameaçando uma resposta ainda mais devastadora em caso de retaliação. “Haverá paz ou uma tragédia maior para o Irã. Maior do que vimos nos últimos oito dias. Há muitos alvos ainda. Esta noite foi a mais difícil e talvez a mais letal. Mas se a paz não vier rapidamente, iremos atrás desses outros alvos com precisão, velocidade e capacidade. Eles podem ser destruídos em minutos. Não há força militar no mundo que possa fazer o que fizemos esta noite”, declarou o presidente.
De acordo com a imprensa americana, o governo dos EUA teria informado Teerã, por meio de intermediários, que não há intenção de realizar novos ataques – a menos que haja uma reação por parte do Irã. Apesar de os dois países não manterem relações diplomáticas desde 1979, a mensagem teria sido encaminhada ao líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, por canais indiretos.
Tanto Israel quanto os Estados Unidos sustentam que o Irã estava muito próximo de atingir um grau de enriquecimento de urânio de 90%, suficiente para a construção de uma arma nuclear. A República Islâmica, por sua vez, é signatária do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) e insiste que seu programa atômico tem fins exclusivamente pacíficos, negando repetidamente qualquer intenção de fabricar armamentos nucleares.
Ataques anteriores de Israel
O bombardeio americano ocorreu na esteira de uma nova onda de ataques aéreos israelenses contra bases de mísseis e uma instalação nuclear na região de Ahvaz, no sudoeste do Irã. Segundo analistas militares, o alvo israelense era estratégico por estar localizado em uma rota de voo utilizada por aviões de guerra americanos.
Uso da superbomba
Fontes do Pentágono não confirmaram oficialmente o tipo de armamento utilizado nas operações, mas há fortes indícios de que foi empregada a GBU-57, conhecida como “bunker buster” (destruidora de bunkers). Oficialmente chamada de Massive Ordnance Penetrator, a bomba foi especialmente projetada para destruir instalações subterrâneas fortificadas, como as do Irã e da Coreia do Norte.
Testada ainda durante o primeiro mandato de Trump, a GBU-57 é uma das maiores bombas não nucleares do arsenal americano, com 6 metros de comprimento e mais de 13 toneladas. Seu invólucro de aço reforçado permite que ela penetre profundamente no solo antes da detonação. Apenas os bombardeiros furtivos B-2, com tecnologia antirradar, são capazes de transportá-la. Essas aeronaves teriam deixado os EUA rumo ao Oriente Médio na tarde de sábado.
Número de vítimas
Até o momento, o número de vítimas civis nos ataques americanos ainda não foi divulgado. O último balanço oficial, fornecido pelo Ministério da Saúde do Irã, indica que mais de 400 pessoas, incluindo 54 mulheres e crianças, morreram desde o início da ofensiva israelense. Pelo menos 3.056 outras ficaram feridas. Segundo autoridades iranianas, a maioria das vítimas eram civis.
Khamenei em local secreto
Diante da escalada militar, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, estaria tomando medidas extremas de segurança para evitar um possível ataque direcionado. Reportagem do jornal The New York Times aponta que Khamenei se esconde atualmente em um bunker, mantendo comunicação com seus principais comandantes apenas por meio de um assessor de confiança. As comunicações eletrônicas teriam sido suspensas para dificultar sua localização.
Ainda segundo o periódico, Khamenei já teria indicado possíveis sucessores para garantir a continuidade do comando em caso de morte.
