Saudar motoristas com um “arigatô” nas faixas de pedestre pode parecer uma gentileza importada do Japão — mas em Campo Grande, a prática está bem longe de ser segura.
Apesar de o gesto parecer engraçado para quem assiste, a brincadeira pode terminar em susto e até em quase atropelamentos. Afinal, a educação no trânsito por aqui ainda está distante da realidade japonesa.
Se você caiu de paraquedas no vídeo e não entendeu a saudação, a gente explica. No Japão, pedestres costumam agradecer aos motoristas que param, mesmo quando isso significa apenas cumprir a regra. O costume reflete valores culturais profundos, como respeito mútuo, harmonia social e reconhecimento do coletivo — princípios resumidos no conceito de “kansha”, a gratidão expressa nas pequenas ações do dia a dia.
Lá, é comum ver motoristas parando espontaneamente nas faixas e pedestres aguardando pacientemente o sinal abrir, mesmo que a rua esteja vazia. Atravessar no vermelho é considerado falta de respeito. No Brasil, no entanto, o costume ganhou outro tom — e um toque de humor.
O Lado B foi até a Escola Joaquim Murtinho para saber o que os jovens acham da “moda japonesa” e se ela poderia pegar por aqui. As respostas foram cheias de esperança, mas também de realismo.
“Já vi esse vídeo e achei que era uma brincadeira. Mandaram-me como meme e ri bastante”, contou Leonardo Sorbi, de 15 anos. “Não sei se é uma tentativa de trazer a cultura japonesa pra cá, mas seria bom. Há muita gente interessada nessa cultura no país.”
Para Ruby Pereira, de 14, o gesto é puro charme: “É uma gracinha. Eu super faria! Acho engraçado. Quando algo está na moda, quero fazer também.”
