Prejuízo estimado ultrapassa R$ 5 milhões; suspeito está foragido
A Delegacia Especializada em Repressão a Roubos e Furtos (Derf) concluiu uma investigação que desmantelou uma organização criminosa gaúcha responsável por aplicar o chamado “golpe dos nudes” contra vítimas em Campo Grande. O prejuízo ultrapassa R$ 5 milhões.
Como funcionava o golpe
De acordo com a polícia, os criminosos criavam perfis falsos em redes sociais, geralmente de mulheres jovens com aparência entre 16 e 25 anos. Após adicionar as vítimas — em sua maioria homens de meia-idade ou idosos, casados e bem-sucedidos — iniciavam conversas que evoluíam para a troca de fotos íntimas.
Na sequência, os golpistas passavam a se apresentar como familiares da suposta adolescente, exigindo dinheiro como forma de “indenização” por um dano emocional. Em outro estágio do golpe, um integrante do grupo se passava por delegado de polícia, alegando que a vítima havia cometido crime de pedofilia por trocar imagens com uma menor de idade. Sob pressão e medo da exposição, muitas vítimas cederam às exigências, realizando sucessivas transferências para contas bancárias indicadas pela quadrilha.
Investigações e identificação dos criminosos
As investigações revelaram que as contas usadas para receber os valores estavam em nome de pessoas ligadas a presos no Rio Grande do Sul. O cruzamento de dados bancários e levantamentos policiais nos dois estados permitiu identificar os envolvidos.
O líder do esquema foi apontado como Eric Basso da Silva, conhecido como “Chapolin”, que já possui antecedentes por porte ilegal de arma e tráfico de drogas. Natural de Bento Gonçalves (RS), ele teria inclusive contratado um detetive particular para monitorar uma das vítimas e sua família, enviando fotos da rotina delas como forma de ameaça.
A Justiça de Mato Grosso do Sul decretou sua prisão preventiva, além do bloqueio de suas contas bancárias. No entanto, ele segue foragido após diligências para sua captura.
Ligações com facção criminosa
Além de Eric Basso, outras 14 pessoas foram indiciadas por extorsão e formação de organização criminosa. A investigação apontou indícios de ligação dos envolvidos com a facção “Bala na Cara” (BNC), considerada uma das mais violentas do Rio Grande do Sul.
Os inquéritos já foram concluídos e encaminhados ao Poder Judiciário, que agora aguarda manifestação do Ministério Público sobre o oferecimento de denúncia contra os investigados.
As operações contaram com apoio do Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Informáticos (Dercc) e da Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes Patrimoniais Eletrônicos, ambos do Rio Grande do Sul.
