Rio Brilhante/MS - 9 de setembro de 2025

TENTATIVA DE FEMINICÍDIO: Assistente social acusa funcionário público Municipal de Nova alvorada por tentativa de feminicídio

“Meu nome é Antonia “nome fictício”, na foto ao lado do “botão do panico” tenho 42 anos, sou assistente social, e fui vítima de uma tentativa de feminicídio em Nova Alvorada do Sul (MS), no dia 9 de dezembro de 2024.

Meu agressor é servidor público concursado, educador social do CREAS, responsável por atender justamente famílias em vulnerabilidade. Por trás da imagem de homem reservado e trabalhador, ele esconde um histórico de violência contra mulheres. Antes de mim, outras três mulheres e três crianças já foram vítimas, algumas ainda vivem com medidas protetivas. Mesmo assim, ele continua trabalhando normalmente na prefeitura, protegido por colegas e chefias.

Quando me mudei para Nova Alvorada do Sul, no fim de 2023, acreditava estar começando uma nova vida. Mas, aos poucos, o relacionamento se transformou em controle, isolamento, humilhações, agressões físicas e psicológicas. Sofri empurrões, xingamentos, era vigiada constantemente, trancada dentro de casa e culpada por tudo. Até a morte da minha gata, atropelada por ele, foi colocada nas minhas costas.

Em dezembro de 2024, depois de meses de violência, ele me encurralou com uma faca, me forçou a entrar no carro dizendo que eu iria morrer. Consegui escapar correndo para a rua e pedir ajuda. Aquilo foi a confirmação do que já temia: ele poderia me matar.

O mais doloroso é que, ao procurar proteção, fui novamente violentada pelo sistema. Servidoras da Secretaria de Assistência Social, que deveriam me acolher, repassaram informações ao agressor, interferiram no meu boletim de ocorrência e descredibilizaram meu relato. Ao invés de me proteger, protegeram ele — um colega de trabalho.

Hoje vivo com medida protetiva, tornozeleira eletrônica aplicada ao agressor e dispositivo do pânico, mas sigo em risco. Ele já ameaçou que poderia “terminar o que começou” por meio de terceiros. Carrego não só o medo, mas também a indignação diante da conivência de parte do poder público local.

Quero que meu depoimento sirva de alerta: a violência doméstica não começa com a faca na mão, começa no silêncio, no controle, no isolamento. E quero que meu caso seja visto não como um número, mas como prova de que precisamos de políticas públicas sérias, profissionais qualificados e uma rede de apoio que realmente esteja ao lado da vítima, e não do agressor.

O sigilo, que deveria proteger mulheres, hoje protege ele. Mas eu não vou me calar. Minha vida corre risco, e se algo me acontecer, deixo registrado: eu pedi ajuda. Eu denunciei. O que falta é que o Estado cumpra seu papel.”

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